domingo, 17 de abril de 2011

Negrinho do Pastoreio


Canta-se no imaginário gaúcho, que no tempo dos escravos, havia um senhor de terras, latifundiário, usura e mesquinho, que só tinha olhos para cavalos e para o único filho, tão ordinário quanto o pai. Segundo a lenda, o fazendeiro incumbiu um negrinho seu escravo de cuidar dos animais. Este, porém, era sempre enganado pelo “senhorzinho”, filho do seu amo, que espantava os cavalos e punha a culpa em cima do infeliz. Era sempre ele o culpado de tudo que acontecia de errado na fazenda. O filho do proprietário rico era uma peste. Mais ruim que carne de pá, ante gozava os malefícios que impingia ao maldito pretinho. As aflições de um eram a felicidade do outro. Um dia, depois de muito açoitar o escravo, o senhor o colocou na boca de um formigueiro, a fim de ser devorado pelas formigas. Mas estas nem tocaram no pirralho. Três dias depois o fazendeiro voltou ao lugar do crime, para ver o que restara do do guri esformigado. Quase caiu do cavalo com a cara na bosta. Pois teve a surpresa de ver o negrinho são e salvo, montado num potro, campeando a cavalgada pela pradaria a força. De acordo com a crença popular, foi um milagre. Consoante esse feito, o negrinho do pastoreio passou a ser o protetor dos animais e das pessoas perdidas. Conforme a credulidade do povo, basta acender um toco de vela no fundo escuro do quintal, pedindo a sua ajuda, para ser prontamente atendido. O cômodo no qual perdura o seu catre é um sacrário onde as devotas vão rezar é o zé-povinho acender suas velas. E,não obstante a resistência do padre local, já se pensa em canonizá-lo.
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