Há milhares e milhares de anos, quando ainda não havia estrelas no céu, as mulheres de uma tribo dos índios Bororós, saíram à procura de milho, que crescia nativo nos campos próximos de sua aldeia, levando pra acompanhá-las um grupo de meninos, seus filhos. Elas encontraram muitas espigas maduras, que logo começaram a debulhar. Enquanto umas colhiam e debulhavam o milho, as outras iam socando os grãos para obter farinha, que seria usada na preparação de pães e bolos para os homens que estavam caçando longe da aldeia.
Os meninos, que eram muito gulosos, aproveitaram-se da distração de suas mães, para roubar uma boa parte da farinha, que levaram correndo para a aldeia. Lá chegando, disseram que suas mães iam ficar nos campos por vários dias, porque tinham achado uma grande quantidade de milho, que iam debulhar e moer antes de voltarem para casa. Por isso, era prediso fazer pães de milho com a farinha que tinham trazido e levá-los para elas comerem enquanto trabalhavam. As mulheres da aldeia assim fizeram; e os meninos, mal se afastaram de suas vistas, comeram todos os pães. Mas logo se deram conta do que haviam feito e, temendo o castigo de seus pais, cortaram um grande cipó e pediram a um beija -flor que amarrasse a sua ponta no céu. O pássaro fez o que lhe pediram; e os meninos dependurando-se no cipó, foram levados para as alturas.
Quando deram pela falta de seus filhos, as mulheres voltaram para a aldeia, onde ficaram sabendo do que acontecera. Saíram, então, à procura dos meninos, avistando-os quando já começavam a sumir por entre as nuvens. Elas ainda conseguiram pegar a ponta do cipó, e começaram a subir por ele, pedindo aos garotos que descessem. Assustados, eles cortaram o cipó, fazendo com que as mulheres caissem no chão. Como castigo, esses pirralhos foram condenados por Tupã a olhar em direção à terra todas as noites, para ver o que acontecera com suas mães. E os seus olhos brilhantes são as estrelas.
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