terça-feira, 8 de março de 2011

Uma lenda barbuda





No reino semiesco da monolândia* amazônica o Guariba é o maioral muito embora maior que o macaco prego e menor que o quatá, ele tem goela como nenhum outro macaco tem; no decurso dos dias ensolarados, ninguém berra mais que do ele, mormente pela manhã ou pelo entardecer. No seio das matas enverdecidas e debruadas com as cores verde esperança, esse símio têm o seu habitat. Sempre caminhando, param apenas para dormir, comer e cantar. Em tais andanças, buscam sempre o de comer, de permeio com a melhor fonte de alimentos. Nesse doce aconchego da floresta, avermelhada pela ruiva cor desses bugios, a capela doa guaribas entoa em seu roncar festivo, monitorada pelo barbudo capelão, o mais velho e valente do bando, justamente por isso, o senhor absoluto do plantel. No seu reino ele é o Rei, até para puxar o ronco tradicional; parando todos quando ele para de cantar. Por essas ocasiões, a turba cessa intuitivamente de comer, a fim de acompanhar os demais cantadores. A algasarra é por demais ensurdecedora, mas ritmada, sui generis e candente. O capelão, acompanhado pelos outros machos, puxa a cadência, cada qual se esmerando mais, no sentido de harmonizar o vozerio da macacada. Numa dessas incursões, os guaribas estavam roncando na orla da floresta, bem pertinho da choupana do caboclo Zimatião, pequeno lavrador dessas plagas distantes. Ao ver o bando de bugios, nas proximidades de sua roça, o caboclo se apressou em apanhar a espingarda, a fim de proteger o seu milharal e abater um deles, para reforçar a sua trivial e vasqueira provisão de mantimentos. Tomando a melhor posição, apontou a arma na direção do roncador mais próximo, era uma fêmea recém-parida, que comia os sadios frutos do cutitiribá, ao perceber as sinistras intenções do bicho homem, o bicho guariba apanhou rapidamente o filhote que trazia às costas e, com as duas mãos mostrou o fedelho ao agressor. Este baixou a espingarda e profundamente abalado com a inusitada ocorrência,
recolheu-se na sua insignificância e se devotou a espalhar o bendito acontecimento pelos quatro cantos da redondeza, enfeitando de proezas a essência imanante da lenda, consoante o aforisma de quem conta um conto aumenta um ponto.

Monolândia* - Algo maior que engloba várias tribos e vários tipos em Uno.
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Um comentário:

Anônimo disse...

lixo demais